RUBIÃO, CABRA MACHO(parte)                   
-- Como já havíamos anunciado, hoje nós vamos receber em nosso estúdio o Rubião, um cabra macho da caatinga, que afirma não conhecer na vida coisa mais melhor bom do que muier. Palavras do  Rubião).
O apresentador: --Rubião, você acredita em Deus?
Rubião:                --Sim! No céu e no inferno também!
O apresentador: --Como é o inferno para você?
Rubião:                --É estar casado com uma mulher feia e ciumenta e não conseguir  
sair da inadimplência.
O apresentador:  --E o céu?
Rubião:                         --Tá brincando... O céu?!  Pra mim é estar com um nega pelada na cama.
O apresentador:   --Diariamente o mercado está sempre lançando  novidade na praça.   Para você Rubião, qual a maior invenção do século?
Rubião:                -- O desodorante.
O apresentador:   --Desodorante!?
Rubião:                --Sim. Depois de sua invenção, o homem não perde mais  o seu precioso tempo no banho.
O apresentador:   --Estou sabendo que  você conserva algumas etiquetas. O que  você acha do indivíduo que tem o hábito de  colocar refrigerante em uísque fino?
Rubião:                --É o mesmo indivíduo que, se tiver oportunidade de levar  Juliana Paes para a cama, ao entrar no quarto apaga a luz.
O apresentador:  --Dizem as más línguas que o seu português é pobre e que você não entende muito de nossa gramática.  O que você tem a dizer?
Rubião:                --Muier que é muier só tem uma regra eu não a entendo, imagine a gramática que tem uma porção.
O apresentador:  --O que você acha da mulher sapatão.
Rubião:                --Mais interessante que a mulher pé de chinelo.
O apresentador:   --Qual o seu tipo de mulher?
Rubião:                --Nua!
O apresentador:   --Rubião! Eu vou fazer várias perguntas e gostaria que você me respondesse de maneira sucinta. Espécie ping-pong.  Certo?
Rubião:                --Certo!
Vamos lá:            --Uma fruta?
Rubião:                -- A que Adão comeu no paraíso.
O apresentador:   --Um sentimento nobre?
Rubião:                --Tesão.  
O apresentador:   -- Um hobby que você aprecia?
Rubião:                -- Raparigar.
O apresentador:   -- Uma grande professora?
Rubião:                --  Delcy Goncalves.
O apresentador:   -- Um grande estadista brasileiro?
Rubião:                -- Tiririca
O apresentador:   -- Um chefe que marcou?
Rubião:                --Juruna.
O apresentador:   -- Um grande amigo?
Rubião:                -- O dinheiro.
O apresentador:   -- Um castigo?
Rubião:                -- Sonhar com Helen Ganzarolli e acordar ao lado de Susana Vieira.
O apresentador:   -- Você acha que homem é produto do meio?
Rubião:                -- Das pernas.
O apresentador:   -- Você acredita no amor?
Rubião:                     -- De cama.
O apresentador:   -- Um medo?
Rubião:                --  Do PT
Apresentado:       -- O que você acha do movimento feminista.
Rubião:                -- A mulherada corre sério  risco de perder seu espaço na cozinha.
O apresentador:   -- Isto  é um absurdo!? É muito machismo seu,  Rubião! E no dia que  a     mulher se igualar ao homem?
Rubião:                -- Tô fora!  Nesse  dia   passarei a dormir                                      sozinho.
O apresentador:   -- Rubião, você fala de mulher o tempo todo! Será que na vida não existe outra coisa que não seja mulher ?
Rubião:                -- Ignoro.
O apresentador:   -- O que você acha da mulher pensar que  os homens são todos iguais?
Rubião:                -- Os homens não são iguais. Eu, em particular, não estou nem aí para uma celulite a mais ou uma estria a menos. Que a mulherada pare de se matar nas academias para esses cabras enfastiados  e venham suar nos meus  braços, pois, para mim, todas elas são  gostosas, apetitosas, lindas  e saborosas. Viu? Não posso nem tocar no assunto que  dá água na boa.
Apresentado – Você é demais, Rubião. Valeu pela sua participação no programa, boa noite e até a próxima.
(Zé Wiliam)

     O ET E SEU FILHO  
--E aí paizão, como é que é a vida  lá na terra?
--Hiiiii... Meu filho, a coisa por  lá é preta. É muito diferente!
--Como assim Paizão!
--É  complicado.
--E' verdade que existe vida inteligente na terra?
--Sim meu filho, e eles  são chamados de humanos.
--O que eles têm de diferente dos outros animais?
--Nada. Aliás, quase nada!
--Têm muitos espécimes deles?
--Não, só dois.
--Dois!
--Sim! Os humanos ricos e os humanos pobres.
--Ambos pensam?
-- Não! Só os  ricos, os pobres trabalham.
-- São semelhantes?
-- Não! Tem uma diferença que dói. Parecem seres de planetas distintos de mil anos-luz de distância.
--Como assim Paizão?
--Eles são muito diferentes um do outro. Em tudo  são diferentes. Os pobres quase sempre  são banguelas, tem os dentes pretos, e estão sempre com semblante cansado.
--E os ricos, Paizão?
--Os ricos têm os dentes alvos, pele macia e  sorriso fácil.
--Ué  Paizão, mas eles não vivem no mesmo Planeta?
--Sim, meu filho, mas em mundos diferentes.
--Como assim, Paizão?
----Eu pensei que eles tivessem vidas iguais.
----Quem foi que disse? Lá na terra, pobre é pobre e rico é rico. É como a água do rio Solimões e o rio Negro,  não se misturam.
--Oxente, Paizão. Então eles não comem do mesmo prato e bebem do mesmo copo?
--Que nada, são pratos diferente. O prato do ser pobre é buchada, feijoada,  mocotó,  sarapatel, farinha, rapadura...
--E o do Rico?...
--Caviar, lagosta, suflê, camarão, filé mignon.
--Nossa, Paizão,  que diferença longitudinal...
--Pois é meu filho, sobrevivência na terra a parada pra desmantelo.
--E quando é que  o Sr. Vai me levar lá, Paizão?
--Daqui uns mil anos-luz, meu  filho, quando você estiver adulto o suficiente para entender a injustiça daquela sociedade.
--Pô, Paizão, vai demorar paca. (Fala o filho meio tristonho, põe a mão no queixo e  o câmara finaliza esta parte.)_.
Outras opções no diálogo  do "O ET e o seu  Filho".Criticar o lado social, a educação, trabalho infantil, todos os pontos negativos de nossa sociedade, mas com muito humor. Além do humor, do sorriso, o telespectador se vê  representado pelos personagens, razão pelo qual pode atrair ainda mais a atenção da pessoa que assiste ao programa. Ainda podemos  explorar o mundo do rico e o mundo do pobre. Por exemplo: Existe o lazer do rico e o lazer do pobre. O lazer do pobre é: Futebol, pagode e briga no baile funk.
E o do rico: Turismo, Ski aquático, passeio de Iate,  cassinos  Grã-finos.
O produto do pobre e o produto do rico assim como a bebida. Remédio, nome, escola e etc. Todos os temas do cotidiano podem ser abordados  no bloco "O ET e o seu Filho...".

NO CIRCO
Apresentador: --Atenção Senhoras e Senhores. A partir deste instante, apresentaremos a  grande atração da noite. Enfim... O momento tão esperado, tão aguardado por todos os espectadores. Que toquem os clarins e que rufem  os tambores, e que se faça presente em nosso picadeiro a maior raridade de todos os tempos. Uma verdadeira obra prima, uma  preciosidade viva. Um fenômeno sócio-ético-moral em carne e osso, que será exibido em todo território brasileiro. Será apresentado no Faustão, entrevistado pelo Fantástico e mostrado aos estudantes de todas as escolas públicas e particulares, para em seguida ser apresentado a nossa sociedade, a fim de que todo o cidadão brasileiro tenha a oportunidade de conhecer pessoalmente... um "HOMEM HONESTO". (Quando o apresentado falar: que se faça presente em nosso picadeiro. Entra em palco um homem vestido de paletó e gravata e com o rosto pintado de palhaço, tendo no nariz uma bolinha vermelha. Ele vai entrando lentamente, sincronizado com o que  está sendo dito para que,  quando o apresentador finalizar o texto com a palavra "HOMEM HONESTO", esteja do lado direito do apresentador, para, em seguida  uma jovem bonita e elegante  aproximar-se do palhaço, estender a mão direita e sair conduzindo-o pelo lado direito do palco (ou lado oposto ao da entrada do apresentador) como se este fosse meio incapaz de se deslocar sozinho. Assim que a jovem elegante tiver dado alguns passos, o apresentador passa a mão esquerda por sobre o ombro do palhaço e o acompanha até a saída do palco.

OS MÚSICOS BAIANOS). 

Entram em cena dois compositores baianos, com violão em punho, com as indumentárias dos artistas negros de Salvador, que são roupas frouxas brancas de algodão com túnicas na cabeça. Compositores esses de preferência negros. Irão compor uma música para o cantor Xambel do grupo "Lambança no Pagode".
Compositor Baiano
1--E aí meu rei, já arquitetou o som que Xambel pediu?
2--Oxente, cabra, eu sou de enrrola?        
1--Quede?
2--Tá aqui na minha cachola, cara. O som tá divino, maravilhoso. Veja só o lado melódico do som: Vem neném, vai neném. Vem neném, vai neném. Viu só a musicalidade?
1--Nossa! Tá porreta,  meu rei, essa  sucessão rítmica de som, Xambel vai se amarrar.     
2—Viu? Vamos matar a pau!         
1-- Agora esse vem neném e  esse vai neném torna a estória complexa demais. Qual  é o baiano que vai memorizar tanta letra?
2--Vixe Mainha, não gostou?
1--Ué! É letra que não acaba mais. Basta apor: Vem neném.  Vem neném  e pronto, pra que mais? Pra complicar?
2--Já vi que  não prestou atenção na musicalidade. O som tá o bicho, cara. Só falta agora atribuirmos à letra um caráter filosófico e profundo, para que o povo pare com a mania de dizer que   música baiana não tem conteúdo.
1--Gostei! Até aí eu concordo, mas o que  acrescentaríamos  na letra algo assim tão profundamente  filosófico?    
2—Além do vem neném, vai neném, vem neném, vai neném que tá o bicho, podemos  acrescenta esta estrofe lírica, mais lirismo ainda: Sobe neném... Desce  neném... Sobe neném... Desce neném...
1 Queta meu rei! Essa música não tá nada porreta! Veja bem. Você tem que fazer a letra  filosófica como essa, mas de fácil memorização.         
-- Pare, olhe e escute  a riqueza filosófica,  o lirismo no verso e a harmonia perfeita.
--Vixe! Não gostei! Não gostei! Não gostei! Não tá nada porreta, cara, sabe!
--Oxente! O que tá pegando? Qual é a bronca?
--Ora cara, esse negócio de vem neném, vai neném. Neném pra lá, neném pra cá... é pedofilia pura, meu rei!
--Vixe Mainha, será? E eu que não havia pensando nisso! (Finaliza o ator com um ar de incrédulo.)

 

AS BAILARINAS       
Duas jovens bonitas e de shorts curtos e sapatos altos entram em cena com a mão esticada para frente sacudindo o bumbum,  dançando o fricote ou pagode, ambas  emparelhadas durante a travessia do palco, mantendo um diálogo:
--Cronilda, você vai hoje ao show dos pagodeiros solavancos do som?
--Uai, Filomena! Que pergunta mais tola! Eu lá ia perder?
--Você conhece este grupo, Cronilda, solavanco do Som?
--Uai menina! E é preciso conhecer? Não é pagode?
--É!
--Entonce? Pra que mais melhor? Se  for   pagode só pode ser coisa boa.
--Virgem Maria! Eu também acho! E acredito que vai ser bom demais. Não vejo a hora de começar a quebrar.(fala movimentando os braços  para frente e pra traz,  sacudindo o bumbum para um lado e para o outro.).
--Eu nem lhe conto! Vou ser a primeira a chegar e a última a sair do pedaço, não tô nem azul. Eu quero é mim  esbaldar.
--Você é que nem que eu. Quando eu caio na dança o mundo pode cair aos pedaços que não tô nem aí. Quando eu gosto, gosto mesmo e pronto!

(Na medida que a dançarina vai falando "gosto", ela bate com a mão direita fechada sobre a mão esquerda aberta e sacode o bumbum pro lado e pro outro, (paulatinamente). E quando estas dançarinas estiverem no meio do palco, entram outras duas dançarinas  com as indumentárias parecidas e no mesmo estilo de dança, só que uma vai comendo pipoca, com um saco na mão e a outra chupando um pirulito grande colorido. As moças entram no palco emparelhadas: a da pipoca entra, ficando ao lado do público, e a outra do  lado interno. Elas dançam e gesticulam bastante sem diálogo durante toda a travessia. (Essas encenações têm como objetivo criar tempo para preparar o ambiente para o próximo bloco.)

   O Tempo  

O  palco composto por uma poltrona, uma cadeira e uma mesinha com toalha e um telefone convencional  sobre ela.
Entra a atriz em silêncio  com uma cesta de tricô nas mãos.  Senta-se na poltrona e começa a tricotar. Depois de uns 20 segundos o ator entra maldizendo  da vida com um ar de preocupação passando as mãos sobre sua cabeça.
--Não dá! Não dá! Não dá... Chega! Não agüento mais isto! Não sei o que está acontecendo comigo, meu Deus! (Esbraveja o ator ainda de pé, antes de sentar-se na cadeira.)  É quando a mulher tenta acamá-lo:
--Querido! Querido! Calma homem! Que bicho lhe mordeu? Logo hoje que o dono da concessionária ligou pedindo para você confirmar a cor do carro. Ele falou que tem um vermelho lindão.
--Queta! Queta! (fala para a mulher com a palma da mão aberta   voltada para ela  e em seguida senta-se e coloca as duas mãos sobre o rosto e continua.)
--Não quero mais saber de carro novo, viaje a miami, reveillon e vou renunciar ao cargo de diretor da empresa.  Chega! Já estou farto de tudo isto. Existe algo dentro de mim que sufoca, que me aflige.(quando fala sufoca, torce a mão de punho fechado, da direita para esquerda à altura  do ouvido. E quando pronunciar a palavra aflige, repete o mesmo gesto.) Eu preciso de sossego, um pouco de paz. 
--Amooor...! Amooooor...! Não pode ficar assim desse jeito querido, você está arrasado. Vou fazer um chazinho de erva-cidreira para você acalmar os nervos e volto já, viu?(A esposa dá um beijo na face do marido e o acaricia alisando  o rosto com a mão direita e sai de cena pela mesma porta que entrou.).
Momentos depois entra a terceira personagem de preferência jovem, bonita, vestida de branco, com luvas brancas e uma coroa singela com flores discretas e brancas. Enquanto ela vai se posicionado no palco, o ator principal continua maldizendo da vida:
--O que está acontecendo comigo Meu Deus! Será que estou vivendo a crise dos quarenta? Como aceitar todas essas tragédias de uma só vez. Por que eu sou tão infeliz?(fala e debruça-se sobre suas pernas)
A mulher que acabara de chegar aproxima-se do personagem e com a voz suave fala:
--Calma Leopoldo, Calma! Por que essa agitação? Essa intranqüilidade?((fala alisando carinhosamente seus cabelos.)
Ele ergue  a cabeça, olha-a incrédulo, põe-se  de pé e com o dedo em riste indaga-a:
--Quem é você? O que  está fazendo na minha vida? O que quer de mim?
--Eu sou o tempo Leopoldo.
--Teeeeeempo?!...
--Sim! Tempo, meu querido! Tempo cronológico!(responde a mulher de branco.).
--Aaaaaaah! Então foi você! Foi você! Foi você! Foi você! Foi você! Foi você!
--Fui eu o quê, Leozinho!(fala a mulher com voz doce e suave.).
--O responsável por toda esta tragédia que está acontecendo comigo. Não foi?
-- Tragédia? (fala a mulher do tempo com ar de incredulidade.).
--Sim tudo isto que você fez comigo. Veja só! Olha como estou!
--Ué Leopoldo, não estou vendo nada! (fala a mulher de branco com um ar irônico)
--Essa série de mudanças. Esse desmoronamento  em mim.
--Calma, Léo. Não se aflija à-toa. O que tanto lhe incomoda assim?
--Você invadiu a minha vida, tingiu meu cabelo de branco, roubou meu apetite sexual, fulosou a minha pele transformando-a em pelanca e fez o milagre da multiplicação no meu abdome  transformando  minha barriga em duas três...
--Meu querido Leopoldo, não se torture assim só por causa de umas mechas brancas  no cabelo, uma ligeira flacidez muscular e uma barriguinha a mais.
-- Então você  confirma a sua culpabilidade nessa violência, na barbárie que fez comigo?
--Claro Leléu! Por que haveria de negar? Sou o Ministro de Deus e cai sobre mim toda a responsabilidade das realizações aqui na terra.
--Realizações! Essa perversidade que você faz chama-se isso  de realizações?
--Sim! Sem o tempo nada se faz, nada constrói, nada se cria!
--Você é mau! Você é cruel!Você é perverso. Eu que sempre busquei ser rico, charmoso, bonito, carismático... Veja só o que restou... Veja só o que você fez de mim. Esse bagaço de gente.
--É sempre assim! Nunca tenho problema com a fauna ou com a flora, mas com os humanos sempre existe algum resmungão. Amadureço as frutas, mas não consigo amadurecer os homens.
--E você acha pouco o quão maduro estou? Mais,   não é amadurecer, é apodrecer.
--Por fora, sim! Por dentro você se parece com uma fruta que acabara  de perder as pétalas. Amadurecimento de verdade é quando a pessoa começa a aceitar com  sorriso os pés de galinha da vida; as mechas brancas no cabelo; a flacidez na barriga; os bicos de papagaio...
--Isto nunca! Nunca vou aceitar de bom grado esta esculhambação que andam fazendo comigo.
--Se me usam para a dor, eu sou a dor; se usam-me para a violência, eu sou violência; mas se  usam-me para a felicidade, eu sou o amor. E não é precisa ser um porrêta relativístico para entender-me. Portanto,  tudo que acontece  no espaço cósmico como aqui no planeta  terra, eu que faço acontecer. Sem o tempo não há realizações.
--Melhor dizendo: por onde você passa, deixa o rastro, deixa a marca.
--Deixo os fatos que se juntam para fechar o ciclo da vida.
--Agora resolveu filosofar. Eu tenho medo de suas realizações, de seus fatos, de você. Medo, não! Eu tenho pânico!  É isto que eu tenho! Pânico! Você não tem coração.
--Calma Leléu, calma! Pra que tanto ressentimento? Tanta insatisfação? Eu só lhe quero bem!
--Desse jeito?  Olha aqui bem pertinho do meu olho. Tá vendo?(fala apontando pro olho e aproximando-se do rosto da Senhora do Tempo)
--Ué Leozinho... Claro que estou vendo o seu olho.
--Olha direito. (Fala ele aproximando  ainda mais  da mulher.) Sabe o que é isto?
-- São as bênçãos  primaveris que banham  o seu corpo.
--Benção primaveril uma ova! Tá ficando maluco? Olha direito!
--Deixe-me ver! Ah sim, umas ruginhas à-toa.
--Ruginha à-toa coisíssima  nenhuma. Isto são pés de galinha, nua e crua.  
--Ah! Ah! Ah! Ah! (a mulher acha graça e fala). Pés de galinha? Nome engraçado. Isto faz parte da vida Leopoldo! Acho que você não está preparado para a longevidade.
--Longevidade... O nome agora é longevidade, não é? E você acha que não estou preparado para isso?(fala voltando o dedo para si mesmo, com ar de incredulidade.) E você acha mesmo que um dia alguém vai estar preparado para receber tantas dobras? Essa enxurrada de rugas... Essa infinidade de pés de galinha  no canto do olho?(fala levantando um pouco o tom de voz.).
--Não se torture assim Leopoldinho. Mais dia, menos dias, todas as rugas virão.
--Sim! As rugas um dia virão.Concordo!  Mas tinha que ser   na parte mais visível  do meu corpo, no cartão postal do meu ser, sem chance de criar  uma nova  versão diferenciada da realidade, sem o direito de disfarçar a minha idade sem que todos percebam que estou mentindo. Hem! Você acha que é fácil viver assim? Sem poder mentir quanto a minha idade. Viver  realidade nua e crua estampada na cara?
--Onde mais poderia ser, querido?
--Em qualquer outro lugar que já veio enrugado.
--Que lugar?
-- Umbigo, cotovelo, joelho e outros lugares  tão manjado!(Fala Leopoldo voltando-se para a mulher do tempo, com uma entonação de voz  baixa e aumenta que pronuncia a frase seguinte.) Tão bem escondido, que já veio enrugada ao nascer, umas ruginhas a mais ninguém iria notar... Iria? E a idade passaria mais disfarçada
--Calma Leopoldo, calma. Desde a simplicidade do Big-Bang eu existo para selar um pacto com a harmonia, com a felicidade e  com o amor. A natureza é sábia... E aceitá-la como é, não como gostaria que fosse, é o princípio da sabedoria.(O tempo fala e se retira do palco. Leopoldo exclama:)
--A natureza é o quê?!..(Nesse ínterim a esposa de Leopoldo que volta ao cenário, com um chá fumegante nas mãos não nota a mulher de branco se retirando, por tratar-se de uma visão do marido. Ao aproximar-se do marido ela indaga:).
--Com quem você está falando, Leopoldo?
--Eu?!..
--Sim! Parecia que você estava conversando com alguém.
--Desculpe-me meu amor, ultimamente eu estou assim, falando sozinho... comigo mesmo.(Leopoldo recebe o chá das mãos da esposa e finaliza esta parte, com a entrada das moças no palco, com a faixa anunciando o próximo bloco que trata-se do sociólogo dos Pobres...)

Lá se faz, aqui se paga
-Não acredito! Você!  Piedade! Tenha piedade, Senhor.  Espere, espere um pouco mais! Pelo amor de Deus, vá embora! Deixe-me  viver mais uns dias...
-Acabou!
-Como assim, acabou? 
-Não percebe?
-Ué? Quede? Cadê? 
-Cadê o quê?
-Minhas coisas?
-Zefini! Já era!
-Assim de repente! Sem aviso prévio! Sem nenhum recado,  carta, telegrama?...
-Pra quê? Para você se borrelar todo?
-Que maldade é essa, meu Deus?  Não me deu  tempo para eu fazer meu inventário. E tudo acaba repentinamente, num piscar de olhos,  justamente agora,   que passo a colher as bonanças de minhas tempestades.
-Que história de bonanças é essa, rapaz?
-Dediquei minha vida ao trabalho,  somente agora meu  esforço foi reconhecido, fui promovido ao cargo mais alto da empresa essa semana;  a gostosa da Kátia aceitou sair comigo; o carrão de 400 cavalos  que comprei chega esta semana,  agora que começo a desfrutar da vida você me aparece e leva tudo.
- Eu sempre estive ao seu lado a vida inteira e sempre dizia: não se apegue, você não pode carregar nada consigo. 
-Eu sempre soube disso, mas era muito doloroso para mim. 
-Eu lhe dei todo tempo mundo para você aprender a se desgrudar das futilidades e agora que eu chego você chora feito criança. (Só uma parte. Esse texto é  extenso. Tentei misturar o humor filosofia, não sei se é ou não  enfadonho.)
Vitória da Conquista, Bahia, 06 de janeiro de 2014.

VEXAME
Olá Amigo, e o jogo do Brasil contra  Alemanha?
Afasta de mim esse cálice, meu rei!
Tragédia futebolística no país do futebol.
O jogo da vergonha.
Vixe Maria! Nem me fale! Um vexame danando,  a improvisação contra o planejamento.
Faça o que Dilma mandou: Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima.
Fique tão retado que vendi a camisa oficial que comprei  por cinco reais
A minha eu dei a um pedinte,  ao menos vai ter alguma serventia.
A Alemanha chegou detonado e quando achou a porteira aberta tomou conta.
O Brasil pareceu o  Sport Clube de Recife. Uma enxurrada de gols. Pelo andar da carruagem eu esperava muito mais gols.
Cheguei a pensar que os jogadores brasileiros estavam fazendo operação tartaruga em protesto de alguma coisa.
A gente imagina mil coisas. Pensei que fosse  trabalho feito  de Dilma para castigar os torcedores pelo xingamento no  Itaqueirão.
Não duvido de mais nada.
Será  que os  Alemães aprenderam  a fazer  macumba com os baianos lá em Porto Seguro?
Só se fosse um  intensivo de macumba, porque o tempo deles foi curto.
Foi tanto Gol que Galvão Bueno não teve tempo para Bajular Neymar e os comentaristas eram interrompidos constantemente pelo o gritinho de de gol  de Galvão Bueno,  que mais paria um miar de gato.
Se os gols fossem do Brasil ele sairia de lá  rouco de tanto gritar  o infinito gooooool.
Foram tantos gols que os nomes dos autores passavam  rolando na televisão.
A coisa estava tão séria que na metade do segundo tempo parei de beber cerveja.
Ué, Por quê?
A cerveja estava dando um azar danado.
Oxente!
Toda vez que eu ia à geladeira pegar uma cerveja a Alemanha fazia gol.
Não acredito!
Chegaram mais visitas e eu tive que  pegar logo quatro cervejas e a Alemanha fez quatro gols seguidos.
Misericórdia , coincidência demais, não?
Que nada. No segundo tempo todo mundo ficou com medo de pegar cerveja.
Ficaram sem beber?
Que nada, arriscamos mais duas  cervejas e foi tiro e queda.
Será que era a cerveja mesmo?
E quem era besta de tentar mais uma vez.
Desistiu?
Desistimos, estava demais. Voltamos a beber somente depois do jogo.
E no jogo do Brasil contra a Holanda?
Vamos beber somente água mineral.
Faz bem, temos que fazer  alguma coisa pela seleção, ao menos isso, a humilhação foi grande demais, sete a um, uma derrota histórica.